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Com pandemia descontrolada, empresas voltam ao trabalho presencial só em 2021

Com o Brasil entre os 40 países que mais registram recordes diários de novos casos confirmados e mortes por Covid-19, a falta de uma ação nacional coordenada para conter a expansão do vírus e o negacionismo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), que faz propaganda de cloroquina, remédio sem eficácia comprovada, e descumpre as medidas de proteção, poucos acreditam que a pandemia seja controlada ainda este ano no país.

A análise deste cenário faz várias companhias nacionais e internacionais adiarem para meados de 2021 a volta do trabalho presencial. Empresas como Google, Pic Pay, Quinto Andar, entre outras, já avisaram que vão manter o trabalho home office pelo menos até dezembro deste ano.
Para o médico infectologista no Rio Grande do Norte, Dr. Alexandre Motta, as empresas estão fazendo a leitura adequada porque o coronavírus no país está longe de ser controlado. Segundo ele, o platô, quando a curva do gráfico começa a envergar, está com mil mortes diárias em média, o que significa que o número de casos e óbitos ainda tem se acentuado.
Segundo ele, essas empresas que estão adiando o retorno ao trabalho presencial têm um capital humano altamente qualificado, fundamental para elas continuarem lucrando e tem de cuidar muito bem dele. “O cara que trabalha no Google é mais técnico e tem um valor diferenciado e se a empresa o perder [contaminado pelo coronavírus] o risco será maior do que deixar ele em casa”, explica.
A médica infectologista, Juliana Salles, diretora da CUT/SP e do Sindicato dos Médicos, ressaltou outro ponto importante: a preocupação destas empresas também pode ser a de ter que pagar os 14 dias de afastamento pela doença e ficar sem o trabalhador e sem a economia em dia.
Juliana alerta que, ao mesmo tempo em que as empresas demonstram preocupação com a pandemia e a necessidade real de ser reorganizar e reduzir as chances de contágio, implementam uma medida que já vinha sido estudada por elas e que vai rumo à precarização do trabalho. Muitas empresas já estudavam a possibilidade do trabalho remoto. A pandemia acelerou sua efetivação.
“É preciso estarmos atentos, porque muitas empresas se apropriarão deste discurso da pandemia para tirar mais direitos e aumentar a exploração da classe trabalhadora. E os sindicatos precisam estar próximos das categorias para continuar protegendo os direitos e, no que se refere a expansão do trabalho remoto, garantir que a empresa pague por toda estrutura móvel do trabalhador”, afirma Juliana.

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