Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Conferência Rio-92, no Rio de Janeiro, em 1992, a data 22 de março é um lembrete anual de que a água é primordial para a sobrevivência dos seres vivos (homens, animais e plantas), mas, principalmente da importância de cuidarmos desse recurso tão precioso e escasso. Isso porque, embora mais de 70% da superfície da Terra seja coberta por água, menos de 1% é próprio para consumo.
Um bem tão precioso, produzido pela natureza, não pode ser tratado como mercadoria, disponível apenas para quem pode pagar. Este é sonho das grandes corporações internacionais da água. E seus representantes estão no Brasil, participando do Fórum Mundial da Água, entre os dias 18 e 23 de março. Este fórum foi idealizado para estabelecer compromissos políticos acerca dos recursos hídricos. Mas, eles não estão falando sozinhos.
Em paralelo, também em Brasília, no mesmo período, realiza-se o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA). A iniciativa questiona a legitimidade do Fórum Mundial da Água como espaço político para promoção da discussão sobre os problemas relacionados ao tema em escala global, envolvendo governos e sociedade civil. Os idealizados do FAMA dizem NÃO ao fórum das corporações privadas, apontando a falta de independência, representatividade e legitimidade do conselho organizador, por estar comprometido com empresas que têm como objetivo a mercantilização da água. O companheiro Agenor Soares, dirigente do Sindae-Campinas, representa a entidade no FAMA.
O ritmo civilizatório é desumano: a má distribuição e a escassez são agravadas diante da apropriação da água para fins comerciais. Grandes corporações promovem um processo de mercantilização da água nos moldes usuais do mercado global: lucrar e distribuir dividendos a um reduzido grupo de investidores.
Isso é inaceitável! Não se pode comprar chuva, não se pode comprar sol… É um contrassenso tornar a água mera mercadoria. Isso levará o mundo a um futuro ainda mais injusto e perigoso.
