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Terceirização irrestrita pode acabar com emprego da classe média no país

Totalmente descolados da realidade do mercado de trabalho e das condições de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, no dia 30 de agosto, aprovar a terceirização também para as atividades-fim das empresas.

Alguns usaram como argumento a modernização, o que é uma falácia, como comprova análise do professor Ruy Braga, do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP), um estudioso do tema.
De acordo com o sociólogo, a terceirização irrestrita, considerada constitucional pela maioria dos ministros do STF, vai aumentar o subemprego, achatar a renda das famílias e dificultar a retomada do crescimento. Ele diz ainda que há poucas chances de grandes modificações para o atual cenário de desemprego recorde no país que, segundo o IBGE, atinge quase 13 milhões de trabalhadores.
Para o professor Ruy Braga, está próximo o desaparecimento do chamado emprego protegido. As previsões feitas por ele não são nada favoráveis ao trabalhador, confirmando que a CUT estava correta a luta contra a aprovação e alertar os trabalhadores que o objetivo principal da ampliação da terceirização sempre foi reduzir salários, aumentar o número de horas trabalhadas e ignorar os riscos de acidentes e mortes dos terceirizados.
Para o professor Ruy Braga, o que se vê “no horizonte, se essa tendência não for revertida rapidamente, é o fim do emprego de classe média no país”. “Você não vai ter mais esse último bastião de contratação de classe média, via concurso público, com algum tipo de proteção, carreira ou algo do estilo. O que você vai ter é a generalização da contratação de trabalhadores terceirizados, profissionais terceirizados, PJs, ou via cooperativas ou via empresas de intermediação de mão de obra, empresas de trabalho temporário”, diz o sociólogo.
No lugar da proteção, Ruy Braga vislumbra a generalização de práticas que são vistas no setor de transporte de passageiros por aplicativo. “Vai ter o Uber do professor, do enfermeiro, do jornalista, do arquiteto, do publicitário. Ou seja, um tipo de emprego precário mobilizado por plataforma digital. Essa é a tendência. Não se paga direito nenhum, não tem nenhum tipo de vínculo empregatício, ocorre ao sabor do ciclo econômico, ou seja, das flutuações de mercado. É a devastação máxima da proteção via mercantilização do trabalho”, afirma.

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